ENTREVISTA EXCLUSIVA COM FILIPE GAMA
30 anos de idade, 17 anos de simbiose com o bodyboard. Este atleta é local da praia de Carcavelos e sua profissão actual "cinge-se" a exercer gestão..
1 - Olá Filipe!! Inicialmente gostava-mos de saber um pouco mais sobre ti. Apresenta-te:
• Nome: Filipe Miguel Lourenço E. Mateus Gama
• Idade: 30 Anos
• Local: Carcavelos
• Anos de bodyboard: 17 anos
• Onda preferida: Supersucks (Indonésia)
• Profissão: Gestor
• Projectos antigos no BB: Clínica de BB – Nova Onda e Competição
• Projectos actuais no BB: Free Surf e Viagens
• Projectos futuros no BB: Free Surf, Viagens e talvez Competição…
• Prone ou DK: Prone
• Aéreo ou Tubo: Tubo
• Grande ou Perfeito: Perfeito
2 - Durante muitos anos foste Top 16 nacional. No entanto, deixaste a competição e dedicaste mais ao Free-surf. Algum motivo especial para essa mudança de atitude?
R: Gostei bastante da competição, pois é algo que nos faz evoluir em todos os sentidos. No entanto, é necessária uma disponibilidade bastante grande para conseguir estar em forma e participar nas diversas etapas, pelo que actualmente face à minha actividade profissional é complicado.
3 - Como competidor durante vários anos, tens o “know-how” sobre o que é viver e treinar de e para resultados competitivos. Quais são os pontos positivos que retiras duma preparação mais competitiva para evolução mais rápida e consistente da linha de onda e bodyboard como atleta? E os negativos (se houverem)?
R: Penso que a competição em si acaba por ser também uma motivação ou objectivo ao qual nos predispomos, pelo que a evolução advém naturalmente. A preparação com uma metodologia mais competitiva é necessária, sendo o mais importante ter a capacidade de realizar uma boa autocrítica para aferirmos onde estamos e onde queremos chegar, mas acima de tudo devemos ser objectivos.
4 – Quando falamos de competição, achas que no tempo que te preparavas já te preocupavas com temas como preparação física, psicológica, nutrição e aquecimento físico? Qual é a importância que achas que cada um tem cada vez mais na obtenção de resultados?
R: Claro que sim, como atleta profissional é extremamente importante equacionar todos estes factores, pois vai contribuir significativamente para a nossa performance.
5 – O free-surf é sem dúvida alguma a mais pura das filosofias de viver um desporto como o bodyboard. Ripar por gosto, com os amigos e nas melhores condições que o mar nos pode oferecer (condições perfeitas – Offshore e mar com poder para voar), sem esquecer muitas das vezes a sociedade exterior em que estamos por força inserido. Qual é a tua opinião acerca do que é para ti o Bodyboard na tua vida, bem como na vida de grande parte dos atletas que estão na água quase todos os dias da semana??
R: Na minha opinião, o Bodyboard é sem dúvida um desporto muito especial. Ter o privilégio de apanhar condições perfeitas clarifica expressivamente a nossa visão sobre a modalidade, e transporta-nos para uma sensação impar de bem-estar. É claramente um desporto de emoções fortes. Pelas razões óbvias, a minha vida transpira Bodyboard.
6 – Viajar, é sem dúvida uma das características dum amante das ondas e da evolução do bodyboard. Uns com mais nível dentro de água, outros com performances menores, mas muita vontade de lutar pelo bodyboard, todos viajam. Qual achas que tem sido o papel das viagens na tua vida como atleta, cidadão e aficcionado da riqueza da cultura das ondas mundiais?
R: Felizmente tive a possibilidade de viajar bastante, o que contribui significativamente para o meu crescimento como bodyboarder e como ser humano. Aconselho vivamente todas as pessoas a fazê-lo, pois a riqueza adquirida é algo que apenas nos apercebemos posteriormente.
7 – Que experiência mais gratificante já viveste nestas viagens, bem como a que mais te fez pensar em que as coisas poderiam não correr tão bem nesse paraíso como tinhas planeado/construído? Que tipo de preparação especial achas que se deve ter antes de viajar??
R: Realizei muitas viagens e todas elas têm um significado especial, mas a viagem à Indonésia em 2005 foi a que mais me marcou. As ondas sem dúvida são uma constante e a sua perfeição é inacreditável. Na altura atravessava uma fase de mudança na minha vida e era altura de tomar decisões. A minha predisposição para beber novas experiências era realmente elevada, e optei por viajar sozinho, talvez por isso consegui absorver toda a energia que a mesma me proporcionou, e tive ainda a possibilidade fazer a retrospecção que planeei. Penso que o mais importante para a preparação de uma viagem é delinear os objectivos da mesma e qual o impacto que procuramos.
8 – Sabemos que és um amante da Crazy Left, na Ericeira. Em poucas palavras define-nos o que te move a seres viciado nessa esquerda tubular da Costa Centro do País?
R: Acima de tudo sou aficcionado de Bodyboard e a meu ver a Ericeira no seu todo apresenta excelentes condições para a prática da modalidade. A opção inicialmente pela Crazy Left devia-se ao pouco crowd, actualmente deve-se à consistência e qualidade.
9 – Qual é para ti em Portugal os 3 melhores sítios para se treinar em alto-rendimento para condições de competição (diversidade de condições), bem como os 3 melhores sítios com maior consistência e qualidade de ondas (caso não seja o mesmo)??
R: A Ericeira, Peniche e Sagres são sem dúvida os melhores sítios em Portugal, seja Free Surf ou Competição.
10 – Aqui há uns anos tiveste uma Escola de Bodyboard, no entanto, abandonaste este projecto. Porque motivo é que abandonaste o projecto? Por outro lado, gostávamos de saber qual a tua opinião acerca da necessidade de obter mais formação dos atletas por estes estabelecimentos de ensino/formação como forma de se adquirir uma evolução mais rápida e consistente?
R: A “Clínica de Bodyboard – Nova Onda” foi um projecto bastante aliciante que me permitiu ver o desporto de uma outra perspectiva. O meu ex-sócio e grande amigo Bernardo Abreu, foi sem dúvida um dos responsáveis por esta evolução. Em 2005 tive uma oportunidade de crescimento no meu actual emprego e decidi aproveitar. Inicialmente tentei conjugar ambos, mas posteriormente a falta de tempo acabou por ser crucial na minha decisão. Penso que existe uma altura na vida que temos de fazer opções e seguir aquilo que pensamos ser melhor para o nosso futuro, mesmo sabendo que às vezes temos de abdicar do que mais gostamos. O acompanhamento e formação são realmente importantes na medida em que a evolução se torna mais célere e os resultados transparentes.
11 – Como achas que o bodyboard tem evoluído nos últimos anos, aos olhos da tua experiência como bodyboarder conhecedor de várias fases deste desporto??
R: É realmente visível a evolução do desporto. Este progresso deve-se ao crescimento, empenho e também evolução de todas as pessoas que trabalham diariamente para este desenvolvimento. Obviamente que o aparecimento das escolas e a maior divulgação por parte dos media contribuíram claramente para a imagem do Bodyboard.
12 – Ainda se sente por parte deste desporto a falta de alguém a trabalhar ainda mais fortemente a imagem do bodyboard para este crescer não como o Surf, não como o Longboard, mas sim à sua imagem e à sua personalidade. Se tivesses de dizer a algum atleta em dúvida se deveria fazer Bodyboard ou algum dos outros desportos, como lhe definias em poucas palavras o que é fazer bodyboard??
R: Obviamente que sou suspeito nesta afirmação, mas Bodyboard é emoção, adrenalina, desafio, enfim é vida…
13 – Correm rumores pelas praias portuguesas que irás voltar este ano à competição. Confirmas esta vontade??
R: Como referi no início desta entrevista, gosto bastante da competição, pelo que estou a ponderar a hipótese de voltar a competir no próximo ano, mas apenas o Circuito Nacional, e talvez algumas etapas do europeu em Portugal.
14 – Por último, gostávamos que deixasses uma mensagem a toda a comunidade.
R: Vivemos para ser felizes, por isso não deixem nunca de perseguir os vossos sonhos…